Esta é uma matéria da VEJA sobre o auxílio que a Psicologia pode dar a quem quer emagrecer e, principalmente, ficar magro:
A dieta do pensamento
Você está pensando em internar-se num spa de emagrecimento? Então tenha duas certezas: sim, você eliminará alguns quilos de sua silhueta. E, sim, você engordará tudo (ou quase) de novo depois de voltar à rotina diária. Spas são ilhas da fantasia: zero de stress, refeições em porções controladíssimas, prescritas por nutricionistas, e uma intensa programação de atividade física. Entre a lembrança de um bombom e a saudade do pudim da mamãe, há a opção da massagem relaxante, do ofurô ou da conversa catártica com o gordinho ao lado, que, assim como você, sua frio ao pensar numa torta de morango. No mundo real, tudo conspira a favor do excesso de comida e do sedentarismo. É o fast-food na hora do almoço, o biscoitinho na mesa do colega de trabalho, a geladeira pronta para ser assaltada, o sofá aconchegante com a televisãozona na frente. Como resistir?
Você já tentou… pensar? Não, não se ofenda. É claro que você pensa, e às vezes até em aspectos filosóficos da vida. Mas será que você pensa certo no que se refere às suas formas? Ou melhor, será que você não está “pensando gordo” em vez de “pensar magro”? Pensar magro (vamos abolir as aspas como um excesso adiposo) significa, basicamente, reprogramar seu cérebro para que ele passe a dominar a fome ou a simples gulodice até o ponto em que você possa ignorar um prato de coxinhas da mesma maneira que despreza aquele ex-amigo fofoqueiro. Reprogramar o cérebro não implica tomar choques elétricos ou aderir ao zen-budismo. Requer enfrentar frituras, salgadinhos, doces e refrigerantes sem subterfúgios – e, espera-se, com alguma altivez. Nada de tentar cancelar-lhes a existência, porque, afinal de contas, o mundo não é um spa. A resistência mental definitiva é o que prega a terapia cognitivo-comportamental (TCC), hoje considerada o tratamento de primeira linha contra o excesso de peso. “Quanto mais resistirmos aos desejos de comida, menos freqüentes eles se tornarão”, disse a VEJA a psicóloga americana Judith Beck, autora do livro Pense Magro – A Dieta Definitiva de Beck, recém-lançado no Brasil pela editora Artmed.
O objetivo da TCC é, por meio da combinação de confronto e resistência, “desligar” os comandos cerebrais que acionam os pensamentos distorcidos – no caso, aqueles que levam as pessoas a empanturrar-se. De fato, na maioria das vezes, as pessoas que pensam gordo o fazem por causa de uma associação meramente subjetiva entre comida e determinados sentimentos. Há as que comem porque estão felizes e as que comem porque estão infelizes (ou ambos). Existem as que se empanzinam porque estão numa festa e vêem os outros comendo e as que se empacham porque estão completamente sozinhas (ou ambos)… Desconectar apetite e situação, eis a chave da terapia cognitivo-comportamental. O programa proposto por Judith Beck estabelece seis semanas – mais precisamente 42 dias – de exercícios práticos para desprogramar o cérebro da vontade injustificável de comer. Você confunde fome com gula? Um dos exercícios ajuda o pensador gordo a diferenciar uma da outra. Você mal acaba o almoço e já imagina como será o jantar? Judith ensina a fazer como os magros – que só pensam em comida no horário da refeição.
Judith é filha do psiquiatra Aaron Beck, fundador, nos anos 60, da terapia cognitivo-comportamental. Na visão dos adeptos desse método, grande parte dos distúrbios psíquicos, como a depressão, a ansiedade e as fobias, deve-se a interpretações errôneas do mundo concreto. Assim, o substrato da TCC é a exposição da pessoa à realidade que a afeta, de modo a levá-la a reagir proporcionalmente a ela.
Por ser um programa de treinamento psicológico, o livro Pense Magro é um manual sobre dieta sem nenhuma receita alimentar. Sua autora não recomenda nem condena nenhum alimento. Ela preconiza que, com uma programação mental adequada, qualquer dieta razoável dá certo – permanentemente. A psicóloga começou a utilizar o método para o controle de peso há vinte anos, em pacientes psiquiátricos que engordavam por causa dos efeitos colaterais de medicamentos. Embora a ansiedade integre a personalidade de quase todos os gulosos, a terapia cognitivo-comportamental, ao contrário da psicanálise, não sai em busca dos motivos que levam uma pessoa a afogar as mágoas numa travessa de espaguete. Simplesmente ensina como anular os pensamentos engordativos.
Judith mantém há dez anos o mesmo peso – 52,5 quilos distribuídos em 1,61 metro – graças, ela jura, à terapia cognitivo-comportamental. Ex-cheinha (pesava 8 quilos a mais), agora pensa magro. E reafirma que ninguém se mantém enxuto sem algum sacrifício dietético. Ainda não há estudos sobre as alterações na química cerebral de quem usa a TCC para emagrecer, como ocorre em relação aos pacientes de depressão que recorrem à terapia. Mas as pesquisas clínicas são animadoras. A mais célebre foi conduzida por pesquisadores suecos, com dois grupos – em dez semanas, aquele que se submeteu à terapia perdeu 8 quilos, em média. Passados dezoito meses, 92% dos seus participantes haviam emagrecido ainda mais. Já o grupo de controle, que só fez dieta, voltou a engordar depois de um ano e meio.
Driblar a compulsão por comida é tarefa das mais difíceis. Para se ter uma idéia do seu grau de complexidade, a linha mais recente de pesquisas sobre os mecanismos da obesidade a compara ao vício, por envolver o sistema cerebral de recompensa. “Em obesos, o metabolismo cerebral é muito semelhante ao dos viciados em drogas”, diz Ivan de Araújo, neurofisiologista e pesquisador da Escola de Medicina da Universidade Yale, nos Estados Unidos. No cérebro dos gordos, por uma deficiência na atividade do neurotransmissor dopamina, o grau de recompensa gerado pela ingestão de alimentos é menor que no dos magros. Para se sentirem satisfeitos, portanto, eles precisam comer mais. É provável que novos estudos mostrem que o recondicionamento para pensar magro transforma a química cerebral. Não há nada de mágico nisso – errou quem fez associações entre o livro de Judith e O Segredo, da australiana Rhonda Byrne, a auto-ajuda que requenta a lengalenga de que o “pensamento positivo” opera milagres.
Pensar magro demanda empenho e disciplina. Envolve cultivar melhor as emoções e adquirir novos comportamentos. A perda de peso não é da noite para o dia. Em situações mais difíceis, para prevenir as recaídas, seguir o manual não é suficiente. Torna-se necessário recorrer a um especialista. “Na luta contra o excesso de peso, não existe bala de prata”, diz Mônica Duchesne, terapeuta cognitivo-comportamental e coordenadora do grupo de obesidade e transtornos alimentares da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Existe trabalho. Vá à luta.O que propõe Judith Beck:
A dieta da psicóloga não é um regime alimentar e sim um treinamento PSICOLÓGICO. Com uma programação Mental adequada defende Judith Beck, qualquer dieta razoável dá certo. O plano proposto no livro Pense Magro tem a duração de seis semanas. Mediante o uso de técnicas de terapia cognitivo-comportamental, a pessoa aprende como desprogramar o cérebro de modo que PENSAR GORDO. Condicionada a PENSAR MAGRO ela muda seu comportamento alimentar. A seguir, algumas estratégicas usadas pela psicóloga:
1. Anotar num cartão que possa ser carregado no bolso ou na bolsa todas as razões pelas quais se quer perder peso. “O cartão de enfrentamento da vontade de emagrecer”, como a psicóloga define essa lista, deve ser lido no mínimo duas vezes por dia, no mesmo horário.
2. Monitorar por escrito a alimentação. A pessoa deve confrontar o que foi ingerido com o que foi planejado. Tal medida reforça o comprometimento dela com a dieta.
3. Cultivar o hábito de comer sentado à mesa, sem pressa.
Desa forma a pessoa costuma dar mais atenção ao que ingere - e, assim, come menos. Para que ela se condicione mais facilmente, Judith Beck sugere espalhar avisos pela casa ” sente-se à mesa”. E também indica uma série de medidas, inclusive o uso de cronômetro, para que as refeições sejam feitas lentamente.
4. Escolher um técnico de Dieta, alguém a quem possa relatar passo a passo o seu comportamento alimentar. Pode ser um parente,um amigo, ou o terapeuta e os contatos devem acontecer pelo menos uma vez por semana.O técnico de Dieta deve estimular o praticante a manter-se fiel no programa.
5. Monitoramento da sensação de fome. Em outro cartão o de monitoramento da sensação de fome, a pessoa deve classificar a sua sensação de fome de 0 a 10, antes, durante e imediatamente depois de passados 20 minutos de cada refeição ou lanche. Com isso ela aprende a resistir ás tentações e deixa de comer por impulso.
6. Aprender a tolerar a fome. A pessoa deve escolher um dia para fazer apenas 2 refeições - o café da manhã e o jantar. No intervalo entre elas deve anotar, em diversas situações, o nível de desconforto provocado pela fome, numa escala de 0 a 10. O objetivo é reduzir a ansiedade em relação a fome.
7. Criar o hábito de pesar-se. Pesar-se uma vez por semana e anotar as alterações de peso num gráfico.
8. Comprometer-se a praticar exercicíos físicos regularmente.
9. Desenvolver o costume do auto elogio. Judith Beck incentiva a criação de uma conta de crédito onde a pessoa deposita uma moeda sempre que identifica uma atitude positiva em relação a meta de emagrecer.
10. Treinar a auto punição. A pessoa deve criar cartões do tipo “isso não está certo” para ser lidos e relidos sempre que se flagrar saindo da dieta.
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